Praia da Aguda (VNG) | 27.Julho.2023
NOITE DA POESIA no Cultura Curto Espaço
A poetiza convidada foi Maria Joana Almeida que, por sua vez, convidou a ilustradora da capa do seu último livro: Marta Nunes.
Como habitualmente, a conversa andou em volta da poesia e da relação entre o autor que escreve e o artista que ilustra.
Neste caso, foi muito evidente a cumplicidade e a partilha. As palavras de Maria Joana Almeida motivaram o desenho de Marta Nunes que, por sua vez, foi uma expressão perfeita do espírito do livro.
O livro Histórias de Amor é o segundo da poetiza depois da obra de estreia Estamos Todos em Fila de Espera para Morte (2022).
Depois de um momento musical com a dupla Artur Barosa/Mário Balsa, a conversa muito interessante foi sendo intercalada com a leitura de poemas.
Na segunda parte e como é habitual nas Noites de Poesia, os mais de 40 participantes foram convidados a, em pequenos grupos de cinco pessoas, entrar num processo de co-criação poética: partindo das primeiras palavras de quatro poemas de Maria Joana Almeida, estes leitores foram convidados a completar e a concluir gerando novos textos.
Aqui ficam as histórias de amor criadas em conjunto na noite poética:
10. __________
O apaixonado que não era ingénuo. Que não tinha pressas ou ilusões. Entrava no amor agarrado à sua bagagem. Vestia-se com todas as suas derrotas, equívocos, plenitudes e frustrações.
Apaixonado, coisa que nunca foi, porque o amor não se explica, o amor sente-se e por sentir-se, há derrotas, equívocos e frustração. Mas disso tu sabes bem. Sabes quando me pedes que me contenha. Sabes quando me procuras. Sabes quando me esqueço de ti.
O sol… a lua.
A tempestade… a bonança.
Onde está a beleza? E o Amor?
Mas, o amor é deixarmos as nossas bagagens, entrarmos despidos numa relação. Nus e, depois, vestirmos roupa nova. Andar de mãos dadas consigo. Andar despida do que não se quer.Andar de alma cheia de amor.
Augusto Canetas/Daniela/José Manuel Lello/Rui Henriques/Xana
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O apaixonado que não era ingénuo. Que não tinha pressas ou ilusões. Entrava no amor agarrado à sua bagagem. Vestia-se com todas as suas derrotas, equívocos, plenitudes e frustrações.
Na profundidade do seu ser, preenchia pedaço, pedacinho de Amor. Sim, o tal amor que o nutre. Um belo dia mudou de roupa; vestiu-se de Cupido. Um belo cupido que amorosamente espalhava a vida colorida de Amor. Agarrado à sua bagagem, mas na procura de dar mais, dar amor, dar a sua paz. Amor que está no seu ser e pronto a espalhar. Certo dia o apaixonado de tanto caminhar, encontrou alguém por quem logo se apaixonou e doou a sua bagagem que tanto amor e carinho continha. Sem dúvida que agora a vida iria fluir; a vida que tão poucas memórias agradáveis lhe tinha deixado!!!
Alice Almeida/Fernanda Santos/Maria José Oliveira/Raquel Cota/Sílvia Almeida
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23. __________
Segurei-te as mãos, de olhar fixo no teu. O relógio parou para responder ao tempo que havia parado mal nos vimos. Houve uma luz que brilhou na distância certa entre os nossos olhares.
De tão trémulos, o olhar turvou-se e perguntei-me se eras tu.
Surgiste no tempo certo sem sequer olhar para trás, sem nos perguntares como, quando e porquê.
Sabemo-nos de cor… sem nos lermos, brotou o amor.
Fernanda Garcia/Fernando Garcia/João Carvalho/Rita Carvalho
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24. __________
Jogava no amor, afoita de que controlava os passos e os abismos. Afoita na sorte. Desconcertada e desconcertante. Ganhava sem ganhar. Portos e abrigos.
E na fuga, o descontrolo fugaz. O seu encontro. Vivia feliz no seu amor perdido. Afoita para a vida na busca de um porto de abrigo onde o desconcertante amor tivesse paz. No jogo do amor em busca do porto de abrigo
António Félix/Elisabete Teixeira/Fernando Carvalho/Sandra Zatelli
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Jogava no amor, afoita de que controlava os passos e os abismos. Afoita na sorte. Desconcertada e desconcertante. Ganhava sem ganhar. Portos e abrigos.
Fui à pesca sem pescar naquela praia sem areia. É assim que me sinto depois de jogar à sorte. Porque quem joga à sorte ganha muitas vezes sem ganhar e por vezes ganha perdendo.
Ganhei sem jogar, joguei sem ganhar. Sonhei acordado e acordei a sonhar.
O fogo constrói o amor. A luz apaga a saudade.
Andreia Rodrigues/Ginha/Vera
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26. __________
Preciso de um primeiro verso. De uma primeira frase. Para restaurar o meu amor. Preciso de uma metáfora. A metáfora perfeita que vai contar a história. Aquela certeira. Que une a minha verdade e a tua.
Naquela lua vazia, imensa e atlântica, ali, pouco luar fora o teu beijo. Mas era o melhor beijo. Aquele que guardamos por muito tempo. Era novo o beijo, o Amor. A menina em teus olhos nem consegue me olhar agora.
Preciso de um axioma.
Preciso de um forma exponencial de te encontrar.
Perto, mais perto do que hoje.
Verdade presa
nas penas de uma gaivota
que voa, hoje para conhecer
uma onda, uma difusa
e confortável onde
A metáfora que escolhe o seu fim.
Artur Barosa/Mário Balsa/Marta Nunes/Nuno Lacerda Lopes/Sara Guimarães
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Preciso de um primeiro verso. De uma primeira frase. Para restaurar o meu amor. Preciso de uma metáfora. A metáfora perfeita que vai contar a história. Aquela certeira. Que une a minha verdade e a tua.
A que me liberta no meio da rua.
A que me liberta, a que me desperta
Onde estamos, para onde vamos
A liberdade de um dia poder alcançar
Alcançar o amor verdadeiro
O Amor que nos uniu num caminho
perfeito e imperfeito mas cheio de verdade
Amor… simplesmente queremos amor
António/Joana/Patrício
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Os poemas originais de Maria Joana Almeida estão disponíveis no livro que pode ser adquirido no Cultura Curto Espaço (com 10% de desconto) ou na nossa livraria online. Boas leituras!
Uma entrevista com Maria Joana Almeida publicada na revista Novos Livros pode ser lida AQUI.
O magnífico trabalho de ilustração de Marta Nunes pode ser visto no seu website ou nas redes sociais.